09 julho, 2006

Uma noite de luar em pleno planalto de Castro Laboreiro... sem os ver... mas eles estavam lá!

Cansada, sem dúvida nenhuma!
Maravilhada, com toda a certeza!
Uma noite que transbordou paixão... em pleno planalto de Castro Laboreiro no trilho da alcateia ibérica! Não os vi... nem sequer os ouvi... mas o espirito estava lá com a Ana e com o Pedro! Uma noite para não esquecer.

A Peneda do Gerês é mais uma das zonas lindas do pequeno Portugal. A sua majestosidade deixa-nos de boca aberta!
Antes de chegarmos, o nosso percurso levou-nos a Ponte de Lima para apanhar o Armando... depois em forma de passeio, almoçámos no Soajo, que nos deslumbrou pela sua presença tão característica.... o almoço, como não poderia deixar de ser por essas bandas, carne.... anho, vitela e a posta (arg!!!)... O calor a impôr-se!... visitamos a pequena aldeia, os espigueiros.... e continuámos a viagem!
A paisagem é linda!
Somos supreendidos/as em plena estrada por cabritos/as e vacas... com uns cornos com um tamanho significativo para nos mantermos afastado/as!
Peneda do Gerês... santuário! Reclamo! Para quê ir ver?... Afinal é lá que vamos pernoitar, nuns antigos claustros que apoiavam os/as caminheiros/as que iam em direcção a Santiago. O hotel Anjo da Guarda mantem as suas características inicias... deixa-me deslumbrada! O quartos, todos eles duplos, têm casa de banho (construída recentemente) e uma lareira enorme em pedra, que não pode ser usada por motivos legais. O soalho é em madeira, escurecida!
Visitamos também o hotel novo.... mas prefiro sinceramente o Anjo da Guarda por todas as suas características!
Lanchamos e seguimos viagem!
18 horas e 30 minutos e estamos em Castro Laboreiro. Vamos tomar um café e esperamos pelo Pedro e Anabela, os promotores do evento!
... um casal que se evidenciou pela sua simpatia e paixão por aquilo que fazem... investigar e proteger o Lobo Ibérico! O percurso inicia cerca das 19 horas e 30 minutos!
Além de nós, vai mais um casal e um grupo de quatro (três elementos do sexo masculino e uma rapariga!)
O percurso inicia numa pequena povoação e avançamos pelo planalto... vamos conversando! O mote para a conversa inicia com a reportagem que realizaram e passou na rtp... quantas alcateias? é possível ver um lobo?
quantos sujeitos existem?
Ele e ela transbordam paixão pelo que fazem.... sendo muito fácil contagiar... eu? Estou apaixonada!
O percurso é de 14 km... aproximadamente! Ir e voltar!
A paisagem é linda!
Passamos por uma pastora que leva as suas vacas para o pasto e as vai deixar pernoitar... uma boa refeição para os lobos, sem dúvida!
na manada, vão vacas galelas e barrosãs (tenho alguma dúvida sobre esta nomenclatura)...
A Ana explica que Castro é o único local em que as pessoas ao longo do ano migram consoante o clima.... entre o período da páscoa até 15 de Dezembro, mais ou menos.... estão nas "Berandas".... entre o Natal e Abril deslocam-se para as Inverneiras!... também explica que a população tem um dialecto... o verbo, já pouco falado... somente os/as velhotes. Pergunto se ninguém faz uma recolha oral antes que se perca.... sim, um galego!
A flora é rasteira..... e a paisagem marca o ambiente.... vamos vendo manadas de vacas e ao longe vê-se garranos.... e são muitos! Vamos conversando!
O Pedro leva-nos a ver imagens gravadas em duas pedras enormes, que se pensa que são da época megalítica... abandonadas pelos responsáveis deste país!
Seguimos viagem.... ao longe vê-se um jipe e uma fogueira.... é o apoio que trouxe os mantimentos para a ceia..... são cerca de 22 horas!
Espera-nos pataniscas de bacalhau.... presunto, chouriços... pão, broa... vinho, àgua, cerveja, sumos... e carnes para grelhar!
A noite impôe-se.... arrefece imenso! Não vou preparada para tanto frio!
O luar está magnifico! ao longe vê-se a silhueta dos garranos a pastar, com o pôr de sol no horizonte!
O Armando empresta-me outra sweat!
Conversa-se sobre as estrelas... sobre o contrabando que se fazia naquela zona... estamos a meia hora da fronteira da Galiza!
Os lobos estão sempre presentes!
Depois, avançamos para norte (acho eu) e vamos ver as mamoas.... túmulos também da epoca megalítica.... passamos para o lado da Galiza.... Silêncio... o Pedro faz o chamamento aos lobos! Esperamos calados/as, mas não há resposta! Voltamos ao local onde ceiámos.... torna-se a fazer silêncio... o Pedro tenta novamente.... sem resposta! Fico desiludida! A Ana explica que seria pouco provável a resposta.... uma noite de bastante luar e muito cheiro humano!
Imagino-os sentados, em silêncio a observar-nos!
Eles estão por ali!
Regressamos... o trajecto é diferente! Vamos por o trilho do jipe.... quando dou por mim, estou estatelada no chão! Ainda tentei evitar a queda, mas.... nada feito! ...mãos esmurradas, joelhos magoados.... avançamos!
Apanhamos um susto... com o susto que causámos a um grupo de garranos, que passam a correr à nossa frente... inicialmente pensámos que íamos ser atacados/as por um javali!
São três da manhã e estamos novamente junto aos carros!
A noite foi espectacular!
O David e a Kica já dormem na carrinha.... o Zé espera por nós!
Uma noite espectacular para continuar a conversar, provavelmente com um copo de vinho... mas temos que ir... temos que nos levantar cedo! A Jana faz anos, temos que ir almoçar a Aveiro! Que pena!

Valeu a pena!!! E a vocês que foram desafiados/as mas não foram..... desafio novamente! Vão adorar! www.ecotura.com

06 julho, 2006

Outra vez... o dia 5 de Julho!



... Afinal não foi um dia tão em cheio como esperava!!
Portugal perdeu com a França, com uma grande ajudinha so sr. árbitro e da agressividade psicológica oriunda da parte da selecção francesa! Não se pode deixar de reconhecer que jogaram bem.... mas os nossos portugueses também... Enfim, com alguma pena... mas sem deixar de dar os parábens à selecção Nacional!

Debate sobre a Paridade... que me desculpem, mas ainda não fixei bem os pés na terra... e não sei como as coisas estão (mas tenho algumas dúvidas.... com o cenário que se apresenta, por uma maioria politica... que estreita relações com o Presidente dos Portugueses... porque em relação às mulheres... estas parecem estar excluídas do direito a uma cidadania inclusiva!)

... A defesa..... Bem, a defesa, além de dois dias repletos de muitos nervos e ansiedade que me levaram consecutivamente à casa de banho, mais propriamente à sanita...
Correu bem!
Às 13 horas já estava na faculdade para preparar a apresentação, que segundo algumas vozes estava muito bem organizada... "brilhante", mesmo... (obrigada Andrea!)... Depois de tudo preparado fui almoçar... não sozinha, porque o meu querido amore decidiu vir-me buscar a casa e acompanhar-me neste momento alto da minha vida... lá consegui meter uma sande no estomago... mas os nervos sempre a crescer, com a constatação que iriam estar mais pessoas do que esperava na assistência (entre o receio e o querer, acabei por não anunciar a defesa a ninguem... mais, pedi à minha mãe para não estar presente, com algum receio de um delúvio... agora, depois de passar, fica a pena de não ter dito a todos e a todas que tanto gostaria que estivessem presentes, incluindo um Gil, uma Sofia, um Paulo e uma Joana!)...
Puxa cigarro, atrás de cigarro.... a ansiedade cresce e começo na fase do disparate.... Venho até à entrada da faculdade e começo a insistir que me vou fechar na sala.... falta praticamente uma hora... puxa cigarro... e mais outro!

Falta meia hora.... aparece a Ana.... lamento, mas quero ir para a sala!!! Nunca mais começa!!!

Ai, Ai!..... E ainda por cima não posso fumar no corredor.... desligar o telemóvel, mas antes toca e é a Andrea.... pelo andar, antes de virar a esquina imaginei que fosse ela!

Surge a Gabriela Moita... ai, ai! Pergunta pela Helena Araújo... volta ao seu encontro.... Aparece a Helena Araújo.... pergunta pela Conceição e pela Gabriela.... viram-nas no bar!

Ai, Ai.... nunca mais começa!

Chegam as três.... sentam-se.... sento-me.... A prof. Helena apresenta o juri.... e como as coisas vão decorrer....

Ai, Ai.... começo! 20 minutos para apresentar... (parece que correu muito bem!)...

A Drª Gabriela Moita, como arguente inicia o seu parecer e levanta algumas questões bastante pertinentes..... parece que sou pioneira nos estudos lgbt em ciências da educação..... quadro teórico bastante interessante.... tal como a teoria queer e as identidades sexuais marcadas, parece que a minha tese também se constitui como transgressora ao conhecimento académico.... eu própria sou transgressora (o Correia chamou-me atenção - penso que a brincar - pela roupagem que levo vestida)....

respondo.... continuo tensa.... tento concentrar-me.... espreme-me!

Sexualidades marcadas, porquê? é meu o conceito? .... infelizmente não é da minha autoria.... Guacira usa o termo identidades marcadas.....

tento responder a tudo.... uma das criticas que reconheço.... dou grande enfase à Igreja Católica, como a culpada da construção social das sexualidades marcadas num quadro de anormalidade.... de desvio! Carmo, e a saúde? Sim, claro! A saúde é importantissíma nesta construção.... mas culturalmente parece-me que a Igreja Católica serve de argumento aos discursos homofóbos.... por parte de uma grande maioria da sociedade, católica!

.... a preocupação de tentar responder a tudo.... mas talvez não o tenha conseguido!

É a vez da Helena Araújo..... muito interessante! muito bem articulado!.... Cidadania marshalliana, deveras taxativo! Claro..... o conceito de Marshall tem a sua importância, no entanto para os moviemntos socias que reivindicam o reconhecimento da sua identidade como mulheres heterossexuais ou como mulheres lgbt ou homens lgbt.... torna-se incompleta e não interessa.... reivindica-se o direito a uma cidadania intima, sustentada nas várias tonalidade de ser, amar e desejar que constituem o colorido da sociedade!

...Conceição Nogueira.... intervém.... explicar o discurso do activismo como porto de abrigo e a questão do apoio psico-terapêutico.....

.... explicar a possível desilusão manifestada pelas considerações finais.... ao ser percepcionado que uma das possibilidades emergente dos discursos dos sujeitos activistas, pode ser menos emancipatório do que se esperaria....

.... quais as possibilidades de reflexão que a investigação lançou..... discriminação genderizada?..... espaços de homossociabilidades genderizado?.... a escola.... o papel da escola......

Começámos às 15 horas..... são 17 horas.... palmas!!!

a discussão e defesa está terminada.....

mandam-nos sair para discutir a nota..... Posso fumar um cigarro? Sim... vai lá, mas não demores..... Aparece o Correia.... estão a ligar do Público, querem falar contigo! A sério? Está a gozar comigo?!..... Ai, agora não... tenho que ir fumar um cigarro!.... Podem dar-lhe o meu contacto....A Helena Barbieri fala com a jornalista..... Depressa, tenho que fumar o meu cigarro.... Armando, Andrea e Ana fazem-me companhia..... Vamos, tenho que ir..... subo as escadas a correr..... a porta continua fechada..... dão-me os parabéns.... Nuno Carneiro, Maria José Magalhães, Esmeralda, Paula, Carminda, outras pessoas... Paulo...

Abre-se a porta..... o veredicto.... "Muito Bom por unânimidade"....

Fico parva a olhar.... choro..... rio-me?

Um abraço forte.... Andrea....

cumprimento o juri.... Gabriela, Helena.... um grande abraço à minha Conceição....

Armando, me amore..... e Ana, a minha amora.... flores..... beijos, abraços.....

Afinal, acabou!

Sou mestre! Finalmente!

mas passado 24 horas.... faltaram lá pessoas! Faltaram..... mas estão no meu reconhecimento e no meu coração!

... Ah! hoje dei a entrevista ao Público....!


02 julho, 2006

O dia do Orgulho Gay... mais uma vez! E sempre que necessário!


Os direitos LGBT e o contexto português

A história do movimento Lésbicas, Gays; Bissexuais e Transgéneros (lgbt) em Portugal é recente, sendo a década de noventa, do século passado, o berço de algumas das organizações que lutam e reivindicam os direitos lgbt como direitos humanos. Com a emergência destas organizações houve, simultaneamente, uma crescente politização em torno dos discursos das sexualidades, sustentada na consciencialização de uma cidadania atribuída e limitada.
O fim da criminalização da homossexualidade em Portugal também é recente, sendo retirada do código Penal só em 1982, constituindo-se ainda como um factor de incriminação, no actual Código (revisto em 1995), no que se refere às relações sexuais que impliquem indivíduos menores com indivíduos maiores, do mesmo sexo, associado ao crime de pedofilia.
No código civil, no que concerne ao Direito de Família, também é relevante o factor de discriminação, quer no conceito de família, de adopção, homoparentalidades e na procriação medicamente assistida (a lei relativamente a este ultimo ponto é omissa).
No entanto, não é só no Código Civil e Penal que emergem bloqueios a uma cidadania íntima, manifestando-se em muitas outras áreas: nas regulamentações específicas relativas ao ingresso na carreira militar; doação de sangue; concursos públicos de administração de guardas prisionais e demais forças policias; no caso específico da identidade de género dos/as transsexuais, em que o sistema jurídico nacional é omisso; a associação de «grupo de risco» à comunidade lgbt, tanto realtivamente à HIV/SIDA como à hepatite A.
Aliada a esta conjuntura discriminatória relativamente aos direitos sexuais dos/as lgbts existe a ausência de uma Lei Anti-homo/transfobia que proteja as vítimas e criminalize os/as agressores/as dos crimes assentes na homo/transfobia. É preocupante perceber que em Portugal os crimes e a violência por homofobia tem vindo a crescer, sem que nada seja feito para punir quem os comete.
A década de noventa, do século XX, com a emergência do movimento lgbt, e através das suas reivindicações, marca uma crescente politização da(s) sexualidade(s) no nosso país. Esta politização é visível através das várias reivindicações que o movimento impõe: desde o adicionar a orientação sexual ao conjunto de atributos que proíbem a discriminação; passando pelos esforços e pressões políticas para que a questão da união de facto relativa a casais do mesmo sexo fosse aprovada pelo parlamento português (conseguido em 2001); pela a exigência da exposição da pluralidade das orientações sexuais na regulamentação sobre educação sexual e planeamento familiar; pelo direito à saúde reprodutiva, onde se inclui o acesso à reprodução medicamente assistida e a adopção; pela actual reivindicação que apela para o direito ao casamento civil entre pessoas do mesmo sexo... entre outras.
Contudo, apesar desta realidade emergente do movimento lgbt e dos vários contributos científicos de várias áreas do saber no sentido de desmistificar a homossexualidade, como a retirada de há mais de dez anos da Classificação Internacional de Doenças, por parte da Organização Mundial da Saúde, o facto é que os discursos homofobos continuam presentes, levando os e as homossexuais a uma cidadania parcial.
Apesar de em vários países europeus, como é o caso do país vizinho, se vir a registar alguns avanços significativos no que concerne à aquisição de direitos de cidadania (nomeadamente o alargamento do conceito de casal, casamento e família, através do direito ao casamento civil e o direito de adoção de crianças), em Portugal, apesar dos princípios legais estarem estabelecidos, os direitos dos/das lgbts continuam a não estar garantidos, continuando a vencer o monstro da homofobia.
Numa sociedade que persiste em olhar o/a outro/a a partir de uma única referência – a heterossexualidade -, o dia do Orgulho Gay, realizado a 24 de Junho em Lisboa e a acontecer no Porto no dia 8 de Julho, é acima de tudo um acto político de dizer não à vergonha imposta por uma sociedade homofóbica e festejar a diversidade, através do direito a ser!

“Nem menos nem mais, direitos iguais!”


Carmo Marques


(artigo publicado no Diário de Aveiro a 30 de Junho de 2006)

Dia 5... promete ser um grande dia!

... um dia de emoções fortes!

O dia 5 de Julho tornou-se de repente um dia importantissímo!
Para mim, pessoalmente, já o era há algum tempo, visto ser o dia D... de defesa da minha tese! É neste dia que possivelmente estarei com alguns nervos perante o facto de que irei defender a minha tese de mestrado perante um juri... com a possibilidade de assistência!
Mas como todos/as me dizem... tudo irá correr bem (assim espero!)!

Para a nação... há dois momentos altos.
Um «mais alto» que o outro!(pelo menos, a nível social é essa a importância que a maioria da população dá às duas questões: a representação das mulheres na politica e o futebol - o monstro que movimenta milhares)

Lei da Paridade - Depois do veto presidencial à Lei da Paridade, a Assembleia da República volta a debater a lei. O PS e o BE apresentam dois projectos de lei onde propõem a aplicação de sanções aos partidos que não respeitem a paridade nas suas listas eleitorais.

O debate no Parlamento vai ocorrer a 5 de Julho, às 15 horas, à mesma hora da minha defesa.

Futebol - Pela primeira vez, a nossa selecção encontra-se nas meias finais do campeonato do mundo! Às 20 horas, lá estaremos mais uma vez, prontos/as para sofrer. Desta vez contra a França!

Que dia agitado vai ser o dia 5 de Julho! Só espero é que fique marcado por um dia positivo e de grandes sucessos!

Porque são uma das minhas paixões...